• A Biblioteca é um edifício de pequenas dimensões, situado num extremo residual do Campus Universitário. Nasce de um bloco de pequeno porte, sobre o qual se justapõe um volume aéreo, que vai repousar no limite externo do recinto, recompondo a rua pública ao campus universitário.
  • O edifício é atravessado axialmente por uma rampa, inscrevendo uma fractura interna que o estrutura, a partir da qual, se memoriza uma sinopse do próprio espaço: um lugar cavernoso, de luzes superiores e laterais, interceptadas por elementos estruturais, vigas ou pilares, maximizados no seu potencial plástico. A sobreposição de temas compositivos historicamente antagónicos – pilares mais paredes, por exemplo – é cumulativo; permite submergir num mundo que remete a uma hipótese experimental, um processo construído numa sugestiva hesitação.
  • Pedro Machado Costa trabalha uma complexidade estrutural, numa condição pouco enfática na tradição portuguesa, que se reflecte na materialidade do edifício, no modo como os volumes se constroem no desafio à gravidade, uma quase desequilíbrio expressionista. Com excepção da escala, que é usada contextualmente, quaisquer elementos materiais conotados com uma impressão localizada são afastados.
  • A Biblioteca vem beber a histórias diferentes, numa ruptura com raízes no anticlassicismo dos construtivistas russos. São assim projectos como este que possibilitam antever, para a arquitectura portuguesa, caminhos traçados em moldes menos suaves.

 

  • Ana Vaz Milheiros: Português menos Suave, in Público

 

  • [1º Prémio em concurso público; com a.s*- atelier de santos]